segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dos jardins que te dei - Amitis

Ela se chamava Amitis. Não vou dizer o nome dele. Ele mesmo esquecia disso ao olhar pra ela. Se conheceram na cidade de Metus. Ele, com um Império nas mãos, fora para aquela pequena cidade para esquecer-se por um tempo de suas obrigações. As festividades reuniam centenas de belas mulheres, ele podia escolher qualquer uma. No entanto só tinha olhos pra menina das flores. Era doce. Ia sozinha para os pés do monte Dernavend. Subia um pouco. Conhecia cada canto, conhecia cada flor. Conhecia a luz do sol pelas frestas da janela verde das árvores. Conhecia o ar puro. Vivia com seu caderno, escrevia luz. Perdera seus pais muito jovem, herdeira de exorbitante fortuna, era simples. Gostava de andar descalça, gostava de deitar na grama. Era tão bela, e tão singela. Sempre silenciosa, sempre discreta. Ela guardava sua alma grandiosa para as pessoas que merecessem conhecer. Ela tinha um amor incondicional pela dança. Ela cantava. Ela  pintava. Seus quadros continham o segredo alem da linha do horizonte. Suas músicas tocavam levemente nas profundezas da alma. E ela dançava como água. Na perfeição de seus passos, na delicadeza de seu ritmo, Amitis dançava devagar.O seu lugar preferido era o monte. Lá encontrava a paz. Ninguém alcançava, ninguém falava. Era como se ela tivesse o mundo nas mãos, e aquele lugar permitia contempla-lo. Era boa, amava as pessoas só por serem pessoas. Chorava quando havia guerras, sofria com as mortes, sofria com as dores, sofria com os desesperos. Era o que chamam de anjo na terra. Essa era Amitis. Seus olhos escuros, contornos definidos, muito expressivos. Ela sorria. E seu sorriso iluminava os montes floridos. Ela sorria, e enchia as pessoas com um pouco de sua graça. Ela sorria, com sorriso de menina. Sorria com olhos fortes. Sorria com a delicadeza de uma fada. Era uma pequena centelha de amor.

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